Em um depoimento comovente publicado nas redes sociais, um profissional da área de eventos rompeu anos de silêncio ao relatar uma série de violências que sofreu desde a infância — entre elas, homofobia, injúria racial, ameaças, difamação e abuso sexual infantil.

O vídeo, gravado anos atrás por uma colega de trabalho durante um casamento, voltou à tona como catalisador para uma profunda reflexão. Na ocasião, o profissional foi acusado injustamente por um casal de convidados de ter “beliscado” a filha deles. A realidade, segundo o relato, era bem diferente: ele apenas acompanhava a criança para fora do local da cerimônia a pedido do fotógrafo, após a menina começar a chorar.

“Naquele dia, me calei. Pensei nos noivos, quis proteger o sonho deles. Mas, na verdade, só repeti o que fazia desde os 9 anos: silenciar a dor”, escreveu.

O relato comoveu milhares de internautas pela sinceridade e pela coragem em abordar feridas profundas, muitas vezes invisíveis aos olhos da sociedade. Ele revela que sofreu abuso sexual infantil ainda aos 9 anos, mesmo com a presença dos pais, e que esse trauma moldou seu comportamento ao longo da vida adulta. A dor, segundo ele, se transformou em medo, autossabotagem e relações tóxicas.

O desabafo foi publicado neste mês de maio, mês marcado pela campanha Maio Laranja, que promove o combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. “Esse vídeo veio como um espelho de uma dor antiga que eu precisava libertar”, afirma.

Além de denunciar as agressões sofridas, o profissional usa sua experiência como um ato de resistência e conscientização. Ele incentiva outras vítimas a buscarem ajuda, não se calarem e lembra que a responsabilidade nunca é da vítima. “Nunca mais vou me calar. Nunca mais vou me violentar”, declara.

A publicação termina com um apelo forte e direto: “Se possível, marquem o máximo de vozes que possam fortalecer essa luta. Nunca aceite abusos em silêncio. Você tem valor.”

Maio Laranja: um mês para romper o silêncio

A campanha Maio Laranja busca sensibilizar a sociedade sobre os sinais e consequências do abuso sexual infantil, além de incentivar denúncias. Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos, mais de 180 mil denúncias de violência contra crianças e adolescentes foram registradas nos canais oficiais do governo nos últimos cinco anos — e grande parte envolve violência sexual.

Profissionais da saúde mental alertam: o silêncio da vítima é muitas vezes consequência do medo, da vergonha e da falta de apoio. Por isso, depoimentos como esse são fundamentais para romper ciclos de abuso e inspirar outras vítimas a buscarem cura.

Se você foi vítima ou conhece alguém que precisa de ajuda, denuncie. Disque 100.

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