Na contramão da Anvisa, comissão de ética defende continuidade de testes com Coronavac
Uma das responsáveis por dar aval à realização de estudos
clínicos com vacinas no país, a Conep (Comissão Nacional de Ética e Pesquisa),
vinculada ao Conselho Nacional de Saúde, deu parecer a favor da continuidade
dos estudos da vacina Coronavac, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac em
parceria com o Butantan.
Os testes foram suspensos nesta segunda (9) pela Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a quem também cabe a análise.
Ao comunicar a decisão, a agência alegou ter recebido
informações sobre a ocorrência de um evento adverso grave em um voluntário, o
que levou à necessidade de interromper temporariamente os estudos para
verificar o caso.
Em nota, porém, a Conep disse avaliar até o momento que o
caso "não tem relação com qualquer evento colateral dos estudos".
Conforme a Folha de S.Paulo divulgou, a principal suspeita
dos investigadores é a de que a pessoa, um químico de 32 anos, tenha cometido
suicídio ou tido uma overdose -o que demonstra que o caso não teria nenhuma ligação
com a vacina.
"Entendemos que o óbito do voluntário não estava
relacionado à aplicação da vacina, por isso optamos por não suspender os
ensaios e recomendamos que os pesquisadores nos trouxessem apenas a avaliação
final de seu comitê independente", informou em nota o coordenador da
Conep, Jorge Venâncio.
Atualmente, a Conep tem a responsabilidade de emitir
pareceres sobre estudos clínicos. O foco da comissão é garantir segurança aos
participantes dos testes. Para que a pesquisa possa seguir, porém, é preciso
que haja aval também da Anvisa -a atuação dos dois órgãos ocorre de forma
simultânea.
Mais cedo, representantes da agência informaram que a
decisão de suspender os testes foi técnica e ocorreu após a agência receber
informações incompletas do Instituto Butantan, que deixaram dúvidas sobre o
caso.
Segundo representantes da agência, o estudo continuará
suspenso até que todos os dados sejam avaliados.
"Ainda mantemos a suspensão porque não temos evidências
e dados que tragam confiança que o estudo pode continuar", afirmou o
gerente-geral de medicamentos, Gustavo Mendes.
COMENTÁRIOS